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“O Apagão na Educação”

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"A Educação é arte, cuja prática necessita ser aperfeiçoada por várias gerações." (Kant)

O professor é um profissional teórico-prático que na constituição do conhecimento em sala de aula se revela como um ser humano histórico. O mestre no contexto escolar está situado entre o aluno como ser histórico individual e a cultura herdada. Estabelecer esta intercessão é o enfrentamento essencial da arte educação, pois o professor não pode transmitir conteúdos porque só se transmite o que é físico. Lembramos que conhecimentos não são físicos.

No entanto, esse profissional, que dia a dia enfrenta o rebaixamento salarial, a precariedade do trabalho, a violência nas escolas, a superlotação nas salas, a carência de condições adequadas para a sua atuação, sente-se desestimulado e nota que são esses os aspectos determinantes para as principais causas do baixo interesse dos jovens (futuros professores) pela profissão.
Atualmente, por conta dos motivos elencados acima, há deficiência de professores no ensino médio público, principalmente no Nordeste, porém poderá se expandir nos próximos anos em todo o país se não forem adotadas ações emergenciais para incentivar o ingresso de novos profissionais no mercado de trabalho, principalmente nas áreas de ciências exatas.

A realidade significa que com embasamento nesse fato, há o sucateamento da Educação no País e se reflete diretamente no contexto social. Existe possibilidade de medidas para priorizar a Educação, com garantia de ampliação das verbas para o setor da educação. Somente com investimento e atuação consciente dos governantes e de políticas públicas satisfatórias se mudarão os rumos da educação no país.

Com o advento do FUNDEB, pelo menos 60% dos recursos deverão ser aplicados na remuneração dos profissionais da educação e isso é bom. Pois, o financiamento insuficiente tem um reflexo direto na questão da qualidade da educação.
Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), apresentado, em Paris, durante as comemorações do Dia Internacional do Professor, realizado em 38 países, entre eles, o Brasil, revelou que um número cada vez menor de jovens está disposto a seguir a carreira do magistério. E uma das principais causas, senão a mais importante foi o baixo salário pago. Mais uma vez o Brasil é um dos países que menos paga aos seus professores. É urgente a resolução da questão salarial através de um piso nacional digno e de instrumentos adequados que possam promover o desempenho do professor, caso contrário, será difícil vencer o desafio da qualidade e, por conseguinte, dos demais fatores que influenciam a motivação do aluno.

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De acordo com o CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), o Brasil poderá ficar sem professores de ensino médio na rede pública ainda nessa década. Os salários dos professores no Brasil, em qualquer etapa da educação básica, são muito mais baixos do que em outros países, inclusive Argentina, Chile e México, e não se pode enfrentar a atual carência docente sem um estímulo financeiro profissional que leve os jovens a buscar os cursos de licenciatura em nossas instituições. Enquanto na Alemanha, o país mais bem classificado, um professor em início de carreira ganha US$ 35,5 mil ao ano, no Brasil, a expectativa de remuneração de um iniciante situa-se na faixa de US$ 12,5 mil.

O estudo destaca o baixo investimento em educação, o salário baixo, a violência nas escolas e a falta de perspectiva profissional. O risco do agravamento da falta de docentes é tão sério que o problema se tornou prioridade do governo federal. No entanto, as medidas emergenciais devem não só contemplar a formação inicial e continuada de professores, mas associá-las às ações e políticas de valorização do docente. Isso passa por salário, mas não se reduz somente a esta questão, pois deve incluir, além da definição de um plano de carreira digno, a melhoria das condições de trabalho, de modo que o professor possa focar a sua jornada docente em um único estabelecimento de ensino e tenha tempo para estudar e pesquisar. E o bom professor possui auto-estima elevada, pois acredita na própria capacidade, no valor e na importância como educador e está consciente de que pode fazer a diferença.

Ref: Relatório sobre Professores Atuando em Disciplinas Específicas e a Adequação de sua Formação Inicial para o exercício do Magistério, INEP/MEC, Brasília (DF) 2006.

Amélia Hamze
Diretora aposentada
Profª UNIFEB/CETEC/ISEB
Barretos