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A Escola família agrícola

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As leis educacionais propõem a adequação da escola à vida do campo. Todo parecer pedagógico, no campo, ou na cidade, deve ser estabelecido de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo (2001), sempre em consonância com a realidade.

A Escola Família Agrícola (EFA), utiliza a Pedagogia da Alternância, método criado na França em 1935, no povoado de Lot et Garonne. A iniciativa de se criar a Escola Família Agrícola buscou solucionar dois problemas, relacionados às questões do ensino regular direcionado para as atividades urbanas, que levava os adolescentes campesinos a repudiar a terra, e também à necessidade de fazer chegar ao campo o desenvolvimento tecnológico. A prática da Pedagogia da Alternância na primeira "Casa Familiar Rural", (chamada de Maison Familiale Rurale), proporcionava aos jovens receber em duas semanas conhecimentos gerais e técnicos voltados para a realidade agrícola, e duas semanas nas propriedades rurais da região, onde exerciam a prática dos conhecimentos recebidos. A Pedagogia da Alternância chegou na década de 1960, no Brasil. Atualmente estão disseminadas nos estados do norte ao sul do país.

Nessa escola os educandos estudam a leitura, a escrita, a matemática, a tecnologia e também aprendem a trabalhar com a terra, com as plantas, os animais e a conviver e se interagir com a realidade agrícola. Em suas casas, ensinam os pais a utilizarem as novas tecnologias e a maneira mais adequada de lidar com a realidade do campo. Com a Pedagogia da Alternância há a possibilidade do sujeito da aprendizagem incorporar-se na comunidade, estimular a sua conscientização política e se valorizar como ser humano, sem perder de vista as suas relações com a cidade. A formação integral dos alunos e a promoção do meio rural são os principais objetivos da Escola Família-Agrícola (EFA), sendo que se busca como fundamental interagir escola-família, articulando esses dois ambientes como espaços de aprendizagem contínua, valorizando as informações da cultura rural e o calendário agrícola. A Pedagogia da Alternância baseia-se em um método subentendido na proposta de Jean Piaget, “fazer pra compreender”, ou seja, primeiro praticar, para depois teorizar sobre a prática. A Pedagogia da Alternância baseia-se no tripé ação – reflexão – ação – ou prática – teoria – prática. A teoria está sempre em função de melhorar a qualidade de vida. Na Pedagogia da Alternância o primeiro ambiente é o familiar e a realidade onde vive; interagindo com a escola, o educando compartilha os múltiplos saberes que possui com os demais atores de maneira reflexiva; finalmente aplica o conhecimento e a prática na comunidade agrícola ou faz uso delas em movimentos sociais.

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As aulas são em sala ou em um ambiente, no terreno da escola. Durante o curso, os discípulos seguem um plano de estudos, compartilham com colegas e professores modelos reais de suas propriedades, assistem a palestras, freqüentam fazendas e centros de pesquisa. Antes de concluírem o curso, precisam ainda cumprir 250 horas de estágio trabalhando geralmente em grandes propriedades e desenvolvem um projeto educacional para aplicação prática em sua propriedade agrícola. Os filhos de agricultores após a conclusão dos estudos regressam às propriedades rurais e aplicam a contribuição dos conhecimentos construídos, dando continuidade e melhoramento na produção agrícola. Esse procedimento pedagógico permite a profissionalização do educando combatendo o êxodo rural. O modelo de ensino, implantado inicialmente no Espírito Santo, em 1969, foi levado para várias regiões do país, contabilizando atualmente 130 unidades.
Referências: Roberta Bencini -revista escola

Autora: Amelia Hamze
Educadora
Profª UNIFEB/CETEC e FISO - Barretos