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Brincar: A linguagem das crianças

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Crianças brincando na escola

Quem nunca se encantou ao ver uma criança sorrindo, pulando, dando cambalhotas, brincando e vivendo num mundo de faz de conta? Quem, quando criança, não ficou chateado, magoado, triste, melancólico ou zangado, por ter uma brincadeira interrompida, ter ficado de castigo ou sido repreendido por ter feito alguma estripulia?

A criança e o brincar são contextos indissociáveis, o brincar é tão essencial à criança quanto o trabalho é para os adultos. Não se pode pensar na ideia de ter uma criança sem dar-lhe tempo e propiciar-lhe momentos de ser e de se sentir criança. A criança que não brinca não aprende, não tem interesse, não tem entusiasmo, não demonstra sensibilidade e não desenvolve afetividade. Daí a necessidade de compreender o brincar como uma linguagem infantil, uma maneira que as crianças pequenas utilizam para falar não convencionalmente, mas para se expressar e demonstrar seus sentimentos, suas vontades, suas inquietudes.

No ambiente escolar, a criança tem a oportunidade de estar com outras crianças, de entender as diferenças e aprender a socializar-se. Regras e normas são válidas e cabíveis, mas deve-se tomar cuidado em quando e como serão introduzidas no processo educativo. A negação repetitiva e sem fundamento coerente gera insatisfação e desinteresse em aprender, o que chama atenção é pensar que existem tantas escolas que focam na alfabetização e esquecem que a proposta pedagógica das pré-escolas deve ser desenvolvida eminentemente através de concepções voltadas para o brincar e cuidar.

Identidade e autonomia são os eixos temáticos mais importantes referentes ao currículo da educação infantil, além de contribuir para que a criança conheça a si mesma e aos colegas, permite ainda identificar-se como ser autônomo e completo, descobrindo suas potencialidades e dificuldades, permitindo ao educador uma intervenção mediada e transcendente. Para Montessori (Pedagogia Científica), “a liberdade de expressão permite às crianças revelar-nos suas qualidades e necessidades, que permaneceriam ocultas ou recalcadas num ambiente infenso à atividade espontânea”, para a educadora, o objetivo maior em educar crianças não é controlar a criança e sim o ambiente onde a criança está inserida.

A flexibilidade da escola e dos pais em permitir tempo para que as crianças brinquem deve ser ampla e planejada, deve ser dirigida pela atenção e presença do adulto. Ao brincar, a criança expressa suas emoções, expõe suas habilidades e dificuldades, e mostra aos adultos suas conquistas; mostrando a apropriação de uma linguagem diferente, característica do desenvolvimento infantil.

Ao brincar de carrinho, por exemplo, a criança assimila fatos que ela vê e observa na vida cotidiana; além de repetir o que vê o adulto fazendo, ela incorpora e repete na brincadeira. Se ela brinca com o carrinho de forma agressiva, batendo em objetos, fazendo o carrinho capotar, ela simplesmente está tentando se comunicar, repetindo com seus brinquedos cenas da vida doméstica e comportamentos dos adultos, utilizado-se desta linguagem para dizer que “foi isso que ela aprendeu”, daí a necessidade mediadora nas múltiplas ações do brincar e atenção ao exemplo.

Pretende-se com esse pensamento reavaliar nossas concepções acerca da criança e do brincar, é brincando que a criança aprende, e observando que ela incorpora, é através de brincadeiras que a criança expande seu mundo e amplia seus conhecimentos, nesse sentido escreve Montessori, “façamos de conta que a criança é um operário e que a finalidade de seu trabalho é produzir o homem. Porque o trabalho das crianças não produz um objetivo material, mas cria a mesma humanidade; não uma raça, uma casta, um grupo social, mas a humanidade inteira”.

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Por Giuliano Freitas
Graduado em Pedagogia
Equipe Brasil Escola