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Projeto: A questão do lixo

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Espera-se que, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
muitos problemas socioambientais sejam solucionados.

O “Lixo extraordinário”, indicado ao Oscar de 2011 para a categoria de melhor documentário, nos mostra de forma muito interessante o trabalho social de dois anos feito pelo artista plástico Vik Muniz no Jardim Gramacho: aterro sanitário do Rio de Janeiro, um dos maiores do mundo. Esse vídeo retrata a vida de um grupo de catadores de produtos recicláveis e as obras do referido artista, feitas a partir dos detritos recolhidos por esses trabalhadores.

Tal documentário, além de diversas outras questões, levanta pontos de reflexão no que diz respeito à nossa visão sobre o que é o lixo, como lidamos com nossos detritos, e a forma com que aqueles que trabalham com os recicláveis são vistos – e tratados – em nossa sociedade. Além disso, embora não seja o primeiro trabalho que aborde a questão do lixo e as pessoas que vivem dele/nele; ele vem justamente no período em que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010) tem sido instituída. Esse documento define, dentre outros aspectos, o prazo de quatro anos para o fechamento de lixões; reforça a necessidade de adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo; e garante a participação legal das cooperativas e associações de catadores.

Considerando esse contexto, pode ser muito interessante trabalhar esses aspectos na escola, tanto com os alunos quanto com aqueles envolvidos direta ou indiretamente com seu espaço; iniciando, ao final, um trabalho de gerenciamento de resíduos. Nessa proposta, o aspecto do lixo será tratado de forma mais profunda, uma vez que não se reduzirá a práticas de somente separá-lo, sem questionar o porquê daquilo nem o seu destino. Com essa proposta, também será percebida a deficiência no gerenciamento dos resíduos de nosso país, a nossa responsabilidade quanto a isso, e as condições de vida e trabalho a que muitos cidadãos estão submetidos. Assim, o objetivo é trabalhar a percepção daqueles envolvidos, convidando-os a mudanças.
 

Para tal, sugiro a criação de um projeto que poderá ser dividido nas seguintes etapas:

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1- Criar um grupo de pessoas dispostas a estudar o tema e participar diretamente do projeto;

2- Estudar a Política Nacional de Resíduos Sólidos e outros temas referentes ao assunto. Sugiro os textos:

- Discussão sobre o lixo e poluição
- Poluição das águas
- Degradação de materiais no meio ambiente
- “Três erres” e mais alguns
- A educação ambiental e a reciclagem do lixo
- Estimulando a criatividade e o reaproveitamento
- O segundo “R”: reaproveitar - ou Feira de Trocas
- Quanto lixo!
- Projeto: “o nosso papel em relação ao papel
- Reciclagem de metais
- Coleta seletiva na escola
- Coleta seletiva em casa
- O chorume no meio ambiente
- Minhocário


3- Trabalhar o tema com os alunos, propondo a criação da “semana dos resíduos”.

Tal evento contemplaria aspectos como o desperdício, a descartabilidade, o consumo desenfreado, o problema do lixo, os “três erres” e tudo aquilo que educadores e alunos acharem conveniente abordar.

Sugiro que não se esqueçam de criar um espaço para que materiais reaproveitáveis e recicláveis sejam expostos ou vendidos; recomendo também que evitem o desperdício e, ao final, ou quando for mais oportuno, façam uma feira de trocas.

Outra ideia interessante seria criar, paralelamente a esse evento, ou como for melhor para o ambiente escolar, uma mostra de filmes. Recomendo, além do “Lixo extraordinário” (de Lucy Walker, 99 minutos); o documentário “Estamira”, de 115 minutos, de Marcos Prado; e o famoso curta-metragem “Ilha das Flores”, de 13 minutos, de Jorge Alberto Furtado. Por ser mais curto e objetivo, recomendo que este último seja o primeiro a ser exibido; e por retratar questões mais complexas, como a loucura, o Estamira poderia ser o último.
 

4- Criar um sistema eficiente de coleta seletiva na escola, direcionando os resíduos recicláveis recolhidos para cooperativas de catadores. Os quatro últimos textos da lista dada na etapa 2 podem ajudar nesse sentido.


Por Mariana Araguaia
Bióloga, especialista em Educação Ambiental
Equipe Brasil Escola