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Muro de Berlim e Muro de Israel: dois muros da segregação

Em Berlim e Israel dois muros da segregação foram erguidos, separando populações e demonstrando que alguns temas históricos ainda estão presentes na contemporaneidade.
À esquerda, trecho do Muro de Berlim conservado; à direita, trecho do Muro de Israel em funcionamento
À esquerda, trecho do Muro de Berlim conservado; à direita, trecho do Muro de Israel em funcionamento
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Um tema interessante para o professor trabalhar com seus alunos em sala de aula é a realização de um debate sobre segregação a partir da comparação entre o Muro de Berlim e o Muro de Israel, ou Muro da Cisjordânia. As construções representam dois momentos e contextos distintos da história mundial, mas que têm em comum o objetivo de segregar populações que habitam algumas áreas geográficas comuns.

Com esse tema, o professor pode trabalhar um assunto histórico do passado, o Muro de Berlim e a Guerra Fria, com um assunto da história do tempo presente, o Muro de Israel, ou Muro da Cisjordânia, e a Questão Palestina.

O Muro de Berlim teve sua construção iniciada em 1961 e tinha por objetivo evitar a fuga de pessoas da Berlim Oriental, sob influência soviética, para a Berlim Ocidental, área de influência dos EUA. Os motivos das fugas eram a insatisfação dos berlinenses contra as políticas em vigor na República Democrática Alemã (RDA), que viam na parte ocidental uma possibilidade de vida melhor, muito em decorrência dos vultuosos investimentos capitalistas realizados no contexto do Plano Marshall. O Muro de Berlim separou vizinhos, amigos e familiares, bem como se transformou no principal símbolo da Guera Fria.

Em 09 de novembro de 1989 teve início a destruição do muro – e venda de grande parte de seus pedaços –, o que representou a derrocada da União Soviética e a vitória do capitalismo ocidental na Guerra Fria. Nesse momento tinha fim a divisão do mundo em duas esferas de influência, o chamado mundo bipolar.

Porém, algumas regiões do planeta ainda se mantiveram divididas. O acirramento das tensões entre árabes e israelenses na Palestina, principalmente após o início da Segunda Intifada, em 2000, serviu de pretexto para que o ex-primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, iniciasse a construção do Muro de Israel, ou Muro da Cisjordânia, a partir de 2002. Esse muro tem uma extensão de cerca de 720 km e separa o Estado de Israel da região norte da Cisjordânia, espaço territorial controlado pela Autoridade Nacional Palestina, dividindo ainda a cidade de Jerusalém em duas partes: Jerusalém Oriental, controlada pelos árabes, e Jerusalém Ocidental, controlada por Israel.

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O objetivo da construção do Muro de Israel seria uma medida de segurança para impedir a entrada de terroristas em território israelense. Entretanto, os palestinos e parte da Comunidade Internacional acusam Israel de tentar consolidar a ocupação ilegal de porções de territórios palestinos, onde estão localizadas colônias israelenses.

O Muro de Israel seria uma forma de retirar definitivamente os palestinos dessas áreas e, assim, poder manter as colônias e construir infraestruturas necessárias ao seu desenvolvimento. Parte dessas colônias estaria localizada em áreas que não fazem parte de territórios israelenses definidos após a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Alguns eixos podem ser utilizados para o professor proporcionar o debate com seus alunos.

O primeiro seria levantar o histórico de construção de cada um dos dois muros, com datas, argumentos para sua criação, além da manutenção e o contexto histórico em que se situam.

Grafite de Banksy, no Muro de Israel, em área ocupada pelos sionistas na Palestina
Grafite de Banksy, no Muro de Israel, em área ocupada pelos sionistas na Palestina.*

O segundo eixo seria o levantamento de problemas causados pela existência dos muros às pessoas que habitam ou habitaram esses locais, pesquisando por relatos que permitem retratar tal situação.

Um terceiro eixo pode ser encontrado na comparação entre a existência dos dois muros, elencando seus elementos comuns e as diferenças que são possíveis de perceber. Nesse sentido, seria interessante mostrar também as expressões artísticas que são/foram gravadas nos respectivos muros.

O quarto eixo está relacionado com a análise que os alunos fazem da existência dos muros, suas consequências e a segregação que eles efetivam entre as populações que habitam essas regiões.

Um tipo de aula como o que é proposto neste texto proporciona aos alunos o contato com um tema histórico e uma situação do presente, que lhe é similar, viabilizando uma atividade de comparação histórica que pode tornar mais agradável o aprendizado nessa matéria.

* Crédito da Imagem: Jelle-vd-Wolf e Shutterstock.com


Por Tales Pinto
Mestre em História