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Interdisciplinaridade no ensino de Geografia

A promoção e o desenvolvimento da interdisciplinaridade no ensino de Geografia dependem do empenho do professor e também das condições curriculares e estruturais do ensino.
O professor se vê, atualmente, no desafio de abordar a Geografia em uma visão interdisciplinar
O professor se vê, atualmente, no desafio de abordar a Geografia em uma visão interdisciplinar
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Nos paradigmas atuais da educação, em que o estudante deixa de ser um mero receptor de conhecimento e passa a ser um ser ativo no processo de ensino-aprendizagem, as variadas abordagens englobam, muitas vezes, uma visão de mundo por parte do estudante que vai muito além dos limites colocados em uma determinada área do conhecimento ou disciplina escolar. Surge, nesse ínterim, o imperativo de se estabelecer uma educação de caráter interdisciplinar, o que corrobora a construção de um grande desafio pelo professor durante as suas aulas.

No caso da Geografia, há uma grande abertura para a aplicação de um ensino interdisciplinar para que se trabalhe os conteúdos curriculares, haja vista que muitos deles possuem relações – diretas ou indiretas – com as mais diversas áreas do saber, desde a Química até a Filosofia e outras. Nesse sentido, é preciso, pois, abandonar a ideia de “conhecimento parcelar”, em que cada disciplina apoia-se em conteúdos que lhe são exclusivos, não podendo ser abordados por nenhuma outra área do saber.

Dessa forma, para que se construa um ensino interdisciplinar de Geografia, é preciso, primeiramente, que se compreenda que os conhecimentos são transversais às ciências e o que caracteriza cada área do saber não é o seu objeto exclusivo de estudo, mas a sua abordagem.

Por exemplo, o efeito estufa pode ser abordado por vários professores de várias disciplinas, porém, cada um à sua maneira. Abre-se, então, a possibilidade de realização de um trabalho em equipe, em que o diálogo, não só entre áreas do conhecimento, mas entre professores diferentes, possa se transformar em uma nova rotina.

Pontuschka, et. al. (2007, p.166)¹, pondera que “os instrumentos teórico-metodológicos da Geografia são diferentes dos instrumentos, por exemplo, da Física e da Biologia, no entanto todos eles precisam ser apropriados pelos alunos, à luz de seu direito de cidadãos”. Isso significa que, diante de diferentes instrumentos, os alunos encontram-se divididos diante de variados aspectos de uma mesma realidade. A ideia do ensino interdisciplinar é o estabelecimento de uma complementariedade entre esses distintos aspectos.

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É claro que, no entanto, a construção da interdisciplinaridade no ensino de Geografia não é algo que dependa somente do professor. Muitas vezes, não existe uma estrutura na escola que permita a construção de aulas interdisciplinares ou mesmo o diálogo entre os professores. Há também problemas relacionados às grades curriculares das diferentes disciplinas, haja vista que nem sempre essas são pensadas em uma perspectiva interdisciplinar, o que dificulta em muito o trabalho do professor. Materiais de apoio e livros didáticos também são instrumentos que podem se aperfeiçoar no sentido de estabelecerem um ensino que o diálogo entre as diferentes áreas do saber prepondere.

Por fim, há de se ressaltar que o professor de Geografia, ao abordar temas e conceitos originalmente vinculados a outras áreas do conhecimento, precisa ter muito cuidado. Em primeiro lugar, há uma necessidade de se aplicar um esforço em compreender a lógica de funcionamento dos demais saberes a fim de não abordá-los em sala de aula de maneira errônea ou muito simplista. Outra preocupação é a de preservar, em termos éticos, o respeito e a conduta das demais disciplinas, sob pena de violar política e conceitualmente as aulas dos demais professores.

Portanto, como a Geografia preocupa-se com o social e o espacial-geográfico, é necessário, então, que o professor dessa área tematize os diferentes conceitos, buscando uma harmonia entre as demais formas de conhecimento e tais direcionamentos com o objetivo de focar sobre como o espaço geográfico transforma e se vê transformado diante da realidade múltipla que conforma a realidade e seus diferentes contextos.

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¹ PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. I.; CACETE, N. H. Para ensinar e aprender Geografia. São Paulo: Cortez, 2007.


Por Me. Rodolfo Alves Pena