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As doenças, os missionários e a conversão dos indígenas

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A conversão dos indígenas foi marcada por uma forte dinâmica cultural.

Quando falamos sobre a ação da Igreja no espaço colonial, muito pouco se discute sobre o processo de conversão das populações indígenas do país. De certo modo, os alunos ficam com uma falsa impressão que recai na romântica visão do “bom selvagem”. Ou seja, muitos estudantes concluem que os índios aceitaram pacificamente os conceitos e valores pregados pelos clérigos que buscavam a expansão da fé católica.

Contudo, para que essa falsa impressão seja desfeita, o professor deve colher informações que permitam assinalar a tensão desenvolvida no interior das relações entre jesuítas e índios. Nesse sentido, podemos relatar sobre a interessante pesquisa desenvolvida pelo professor Jean Baptista, que trabalhou com a questão do chamado “praguejamento missionário”.

Segundo as pesquisas deste historiador, os missionários da região platina (porção comum ao Paraguai, Brasil e Argentina) utilizaram a contração de doenças como meio de se promover a conversão religiosa. Em alguns documentos, existem relatos em que a vulnerabilidade dos nativos às doenças trazidas pelos padres europeus era intencionalmente interpretada como uma manifestação divina contra as “práticas pagãs”.

Em uma interessante situação, Baptista fala do caso do padre jesuíta Mola, responsável pela fundação da Missão de San Carlos. Na situação descrita, esse padre jesuíta tece uma disputa com um xamã índio que dizia ter a capacidade de curar qualquer tipo de enfermidade. No momento em que o curandeiro acaba atingido por uma epidemia, o jesuíta assegura a cristianização de vários indígenas que viviam na mesma região.

Contudo, não significando um mero processo de aculturação, esse mesmo autor aponta que os jesuítas tiveram que interagir com o mundo espiritual dos indígenas. As representações utilizadas pelos nativos, bem como a percepção dos sonhos como meios de comunicação com o mundo espiritual eram, quando favoráveis, largamente utilizadas pelos jesuítas.

Sendo este um tema de circulação ainda bastante reduzida, sugerimos que o professor busque maiores informações na publicação realizada na revista “História Viva”, ano VI, n° 67. Nesse volume da publicação, Jean Baptista é o autor do artigo “Epidemias nas missões jesuíticas”, onde várias informações são disponibilizadas para a produção de um artigo para os alunos. Em razão da extensão do texto, recomendamos que o professor faça um pequeno texto destacando alguns pontos mais relevantes do material.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

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