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A tecnologia a serviço da produção de diversos gêneros

A escrita, envolvendo a produção de diversos gêneros, tende a ser bastante produtiva quando trabalhada fazendo uso da tecnologia.
A tecnologia, usada a serviço da produção dos gêneros, tende a representar uma significativa eficácia
A tecnologia, usada a serviço da produção dos gêneros, tende a representar uma significativa eficácia
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Num tempo, não tão remoto assim, ecoava o sinal vindo dos corredores da escola. Estava pronta a anunciação, a qual indicava que aquele sonoro ruído se materializava no sentido de alertar os alunos, informando que já urgia o momento, pois tão logo começaria a aula de Redação. O conteúdo, como de costume, resumia-se em nada mais nada menos que algumas mal traçadas linhas no quadro-negro, sinalizando que de uma forma ou de outra haveria de ter texto produzido. Quantas linhas? No mínimo “tantas” e no máximo outras “tantas”. O tema? Quando não se apresentava como livre, resumia-se somente à volta às aulas ou acerca de como havia transcorrido as férias.

Longe de ser considerada fictícia, tal ocorrência descreve a realidade que circunda no ambiente escolar, materializada muitas vezes por práticas educativas que em nada contribuem para o crescimento dos aprendizes, tolhendo-lhes a capacidade imaginativa, barrando o poder de expressividade, enfim, limitando a  força de argumentação. Como consequência desse procedimento, vale tudo, até espichar o tamanho da letra para cumprir o tal número de linhas, antes “brutalmente” imposto. Mas a pior das atitudes também não se encontra de todo excluída: entregar a folha em branco, alegando simplesmente “insuficiência do tempo”.

Eis que é chegado o grande momento: a correção. Os olhos captam como num passe de mágica aqueles fatídicos erros ortográficos, dos quais uma figura não menos importante se encarrega  de pontuar: a caneta vermelha. Assim, grifos e muitas vezes sinais de pontuação, como a vírgula, antes esquecida de sua função, a cedilha, abnegada de suas atribuições, parecem pintar uma aquarela cujas tonalidades podem até variar, mas não passam da cor vermelha. Eis que assim ressalta Luft (1985, p.82)*:

“Vítimas de verdadeira inquisição gramatical, os alunos começam a enredar-se em regras mal ensinadas e sem propósito. Há professores que têm prazer em exercícios onde possam corrigir bastante, montanhas de erros, convencendo os alunos de que são ignorantes, e mantendo-os submissos. O que é igualmente grave e não raro acontece: professores que usam desse instrumento de opressão para afirmar sua autoridade, e muitas vezes desabafar frustrações e ressentimentos pessoais”.

Caríssimo (a) educador (a), longe de generalizarmos, até porque seria um tanto quanto audacioso, mas, acredite, lendo essas breves linhas, podemos mentalizar o perfil panorâmico que hoje norteia o ambiente escolar, sobretudo em se tratando da produção textual – objetivo maior de nossa discussão. Fazer com que os aprendizes, ainda que de olhos fixos, inertes, centrados e tudo mais que convier à atribuição de adjetivos, aproximem-se e familiarizem-se um pouco mais com a leitura e com a escrita é, senão, uma árdua e dispendiosa missão.

Para completar, vocabulários abreviados, clichês modernos, sobretudo os veiculados pelas redes sociais e pela própria mídia parecem tomar conta do cotidiano linguístico dos muitos que compõem o público escolar. Dessa forma, longe de sermos radicais ao extremo e considerar tal ato como uma afronta linguística. Não, não se trata disso, o fato é que os alunos precisam saber distinguir as situações comunicativas de que fazem parte no dia a dia, fazendo bom uso do idioma sempre que necessário for. Somados a tais pressupostos, ainda estamos inseridos numa era totalmente norteada pelos recursos tecnológicos, e, para acompanhá-la, entram em cena o professor de Língua Portuguesa com sua aula expositiva acerca das características que norteiam os vários gêneros e o professor de informática, conduzindo e orientando os alunos a produzirem dentro do ambiente virtual propriamente dito.

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Assim, cartas, e-mails, entrevistas, entre outras modalidades, podem ser amplamente materializadas dentro do laboratório de informática. Dessa forma, saberão diferenciar aquela linguagem despojada, fragmentada, sobretudo livre de quaisquer traços de convencionalismo, daquela utilizada nessa gama de modalidades de gêneros.  “VC” e “TB” certamente cederão seu lugar para algo um tanto quanto formal, como é o caso das circunstâncias em que terão a oportunidade de enviarem as cartas argumentativas para o diretor da escola, por exemplo, no sentido de reivindicar melhorias para a escola, quem sabe. Outra oportunidade será a de estabelecer um contato via e-mail para algum colega da classe ou algum professor, por exemplo. Já não falando naquela entrevista, a qual poderá até ser publicada no site da escola, como fazendo parte das atividades ora desenvolvidas.

Ao se familiarizarem com tal situação, irão constatar acerca das diferenças que há entre produzir um gênero da forma convencional, ou seja, por meio da escrita, e realizar o mesmo procedimento fazendo uso dos demais recursos que hoje se encontram à disposição de todos. Uma delas se define pelo fato de que, por meio eletrônico, muitos são os recursos disponíveis ao emissor, tais como o de anexar documentos, imagens, entre outros fatores. Outro aspecto, não menos importante, reside no fato de que, no caso do e-mail, há o campo da indicação do assunto, ou seja, o destinatário, antes mesmo de se interagir com a mensagem, já fica por dentro do assunto que será tratado mediante a interlocução em pauta, aspecto esse inviável nas demais circunstâncias comunicativas.

Como se vê, uma visita ao laboratório de informática além de atuar como um recurso estimulante, incentivador, ainda desperta a criatividade, o desenvolvimento de determinadas habilidades que não raras as vezes permanecem obscurecidas, intactas, muitas vezes por falta de espaço, espaço esse entendido tanto no sentido físico quanto no sentido relacionado a oportunidades. Nesse sentido, vale a pena experimentar e conferir os frutíferos resultados.


Por Vânia Duarte
Graduada em Letras